GUCCI S/S 23, é aos pares (68 para se ser exato)

Parece que os gémeos estão mesmo na moda. A coleção GUCCI Primavera/Verão de 2023 marcou pelos looks aos pares. “Como que por magia, a roupa multiplicou-se. Parecem ter perdido o status de singularidade. O efeito é alienado e ambíguo (…) A moda, afinal, vive de uma série de multiplicações que não impede a expressão mais genuína de toda a individualidade possível”, quem o afirma é Alessandro Michele (diretor criativo) e, se não perceber o que quis dizer, então está no caminho certo – a ambiguidade está em tudo, a dupla interpretação, também. A coleção, no entanto, ilude na sua apresentação, mas não deixa de procurar iludir nessa dualidade, já que a coleção é enfadonha e nem com uns pares de gremlins (ainda sem estarem molhados) se transforma. A construção é pobre, os tecidos e cores questionáveis. Há um lado cool, irreverente de nonsense que não se perde, apesar dos pesares. Depois da campanha de inverno 22-23 ser uma ode ao cinema de Kubrick, é impossível não antever a entrada na runway das irmãs que aterrorizam o pequeno Danny, em The Shining.

A inspiração para a dualidade desta coleção serviu de mote para homenagear a sua mãe, e a sua tia, irmão gémeas. “Sou filho de duas mães: a mãe Eralda e a mãe Giuliana. Duas mulheres extraordinárias que fizeram da sua gemelaridade o selo definitivo da sua existência. Viviam no mesmo corpo. Vestiam-se e penteavam-se da mesma maneira. Foram magicamente espelhadas, uma multiplicou a outra. Esse era o meu mundo, perfeitamente duplo e duplicado”, revelou o designer.

Fonte: VOGUE RUNWAY